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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Você sabe o que é a TULIP?




TULIP - A ROSA DO EVANGELHO        
   
Contexto Histórico: Na Holanda nos anos de 1600 a Igreja Cristã sofreu uma crise interna, pois, havia um pastor na igreja que estava ensinando doutrinas contrárias às confissões adotadas pela Igreja Cristã Reformada. O nome deste homem era Jacob Armínio, este teólogo passou a negar a SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO DOS HOMENS. Após, a sua morte os seus alunos criaram um protesto - chamado de A Remonstrance - e formularam os cinco pontos do arminianismo (recebeu esse nome em homenagem ao Tiago Armínio), neste protesto este grupo queria que as doutrinas da Igreja da Holanda - conhecida como Igreja Reformada - fossem alteradas. Os Arminianos sustentam cinco ideias:

1 – O homem tem livre-arbítrio;
2 – Deus escolhe prevendo a fé dos homens;
3 – Jesus morreu para salvar cada pessoa deste mundo;
4 – O homem pode resistir ao chamado do Espírito Santo para a salvação;
5 – A salvação pode ser perdida.

Essas eram as formulações dos arminianos; então, foi necessário formular um Sínodo na cidade de Dort, nos anos de 1618-1619, para estudar a questão, e no final ficou decidido que a igreja continuaria com as doutrinas esboçadas em suas confissões e catecismos, e assim, formularam a resposta aos arminianos em cinco proposições que ficaram conhecidas como os Cinco Pontos do Calvinismo. E usaram o nome TULIP – NOME DE UMA ROSA DA SUIÇA. Para facilitar o entendimento dessas doutrinas:

1 - Total Depravação do homem.
2 – Uma Eleição Incondicional.
3 – Limitada Expiação.
4 – Irresistível Graça
5 – Perseverança dos Santos.

Breve Exposição dos Cinco Pontos do Calvinismo:

 1 - Total Depravação do homem: o homem é escravo do pecado não tendo liberdade para aceitar a Jesus, ou seja, ele não tem livre-arbítrio: Por quê?

a)      Ele está morto: Efésios 2.1-3.

b)      Nasce no pecado: Salmos 51.5

c)      Nasce desviado: Salmos 58.3.

d)      Tem um coração enganoso: Jeremias 17.9.

e)      Só sabe fazer o que é mal: Jeremias 13.23.

f)       Está mergulhado no pecado: Romanos 3.9-18.

2 – Uma Eleição Incondicional: Deus antes que mundo fosse criado decidiu escolher da humanidade pecaminosa quem ele iria salvar; a escolha de Deus não se baseia em fé prevista, mas unicamente na sua Vontade Soberana em escolher a quem quer salvar. Por quê?

a)      Jesus chama os salvos de eleitos: Mateus 24.24,31; Marcos 13.20.

b)      A Bíblia afirma a predestinação: Efésios 1.3-5; Romanos 8.33; Colossenses 3.12; 2 Tessalonicenses 2.13; 2 Timóteo 2.10 – note as expressões: eleitos, predestinados.

3 – Limitada Expiação: Jesus morreu na cruz do calvário para salvar apenas os eleitos de Deus; por quê?

a)      Jesus morreu em lugar de “muitos” e não de “todos”

Mateus 20.28: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”.

Hebreus 9.28: “assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.”.

b)      Os “muitos”, em lugar dos quais, Jesus morreu, são o “seu povo”, as “suas ovelhas”, a “sua igreja”, “os eleitos”. Mateus 1.21: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” João 10.11, 14, 15: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” Efésios 5.25: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Romanos 8.33,34: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.”.

4 – Irresistível Graça: O Espírito Santo atrai os eleitos para Cristo, regenerando os seus corações de forma tal que eles não podem resistir à ação soberana do Espírito de Deus. Por quê?

a)      O homem é incapaz de vir a cristo por si só: João 6.44.

b)      A regeneração é obra do Espírito Santo: João 1.12-13; 3.3;

c)      O Espírito abre o coração do pecador: ATOS 16.14.

5 – Perseverança dos Santos: Os eleitos jamais caem total e finalmente do estado de graça no qual foram chamados. Ou seja, a salvação não se perde. Por quê?

a)      Deus completará a obra da redenção: Filipenses 1.6

b)      As ovelhas de Cristo têm VIDA ETERNA: João 10.27-30.

c)      Nada pode separar os eleitos do amor de Deus: Romanos 8.33-39.

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Soli Deo Glória!

sábado, 31 de janeiro de 2015

"A quem nós iremos" e-book Projeto Ryle



Sermão pregado na Universidade de Oxford por volta de 1880, por J.C.Ryle

1° Bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool

E publicado como capítulo do livro

“Cenáculo: Algumas verdades para os tempos”
EPUB E MOBI EM BREVE

Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna. João 6:68
O capítulo do texto que encabeça esta página é riquíssimo em assunto. Ele começa, devemos lembrar, com aquele milagre bem conhecido, a multiplicação dos cinco pães e dois peixes para alimentar 5000 homens – o que alguns escritores antigos chamam de o maior prodígio que Cristo já operou – o único que os quatro evangelistas registram; um feito que mostrou poder criativo.

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Fonte: http://www.projetoryle.com.br/
http://www.projetoryle.com.br/

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Doutrina Reformada da Predestinação
por
Loraine Boettner D.D.a
Copyright 1932

Capítulo 22
Que Contradiz As Passagens Universalistas da Bíblia

1. Os Termos "Vontade" e "Todos". 2. O Evangelho Tanto É Para Judeus como Para Gentios.
3. O Termo "Mundo" É Usado Em Vários Sentidos. 4. Considerações Gerais.

1. OS TERMOS "DESEJO", "VONTADE", E "TODOS"

Pode ser questionado, A doutrina da Predestinação não é direta e completamente contradita pelas Escrituras, as quais declaram que Cristo morreu por "todos os homens", ou por "todo o mundo", e que Deus quer a salvação de todos os homens? Em I Timóteo 2:3, 4 Paulo refere-se a "...Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (e a palavra "todos", nos é dogmaticamente informada por nossos oponentes, deve significar cada ser humano). Em Ezequiel 33:11 lemos, "...Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva."; e em II Pedro 3:9 lemos que Deus está "...não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se." Esta mesma passagem, 'Versão King James', é lida, "Não desejando que nenhuma alma pereça..."
Estes versículos simplesmente ensinam que Deus é benevolente, e que ele não tem prazer nos sofrimentos das Suas criaturas não mais do que um pai tem prazer no castigo que algumas vezes ele inflige no seu filho. Deus não quer 'decretivamente' (como por decreto Seu) a salvação de todos os homens, não importa o quanto Ele possa desejá-la; e se quaisquer versículos ensinassem que Ele 'decretivamente' desejou ou intencionou a salvação de todos os homens, eles contradiriam aquelas outras passagens das Escrituras que ensinam que Deus soberanamente governa e que o Seu propósito é deixar alguns homens para serem punidos.
A palavra "querer" é utilizada em sentidos diferentes tanto na Bíblia como em nossas conversas diárias. Ela é algumas vezes usada no sentido de "decreto", ou "propósito", e algumas vezes no sentido de "desejo", ou "vontade". Um juiz reto e justo não quererá (no sentido de desejo) que ninguém seja enforcado ou sentenciado à prisão, todavia ele quer (pronunciando sentença, ou decretos) que a pessoa culpada seja assim punida, castigada. No mesmo sentido e por razões suficientes, um homem pode querer ou decidir ter um membro removido ou um olho extraído, muito embora ele certamente não o deseje. Os vocábulos Gregos "thelo" e "boulomai", os quais são algumas vezes traduzidos por "querer", são também utilizados no sentido de "desejo" ou "vontade"; por exemplo, Jesus disse à mãe de Tiago e de João, "...Que queres?..."[Mateus 20:21]; dos escribas foi escrito que eles "...querem andar com vestes compridas..."[Lucas 20:46]; certos Escribas e Fariseus disseram a Jesus, "...Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal."[Mateus 12:38]; Paulo disse, "...eu antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua."[I Coríntios 14:19].
De maneira similar, a palavra "todos" é sem qualquer erro usada em sentidos diferentes nas Escrituras. Em alguns casos ela certamente não significa cada indivíduo; por exemplo, acerca de João Batista foi dito, "E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados."[Marcos 1:5]. Depois de Pedro e João haverem curado o paralítico à porta do templo, lemos que "......todos glorificavam a Deus pelo que acontecera."[Atos 4:21]. Jesus disse aos Seus discípulos que eles seriam "...odiados de todos..."[Lucas 21:17] por causa do Seu nome. Paulo foi acusado de ser "...o homem que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este lugar..."[Atos 21:28]. Quando Jesus disse, "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim."[João 12:32], ele queria dizer plenamente não cada indivíduo da raça humana, pois a história mostra que nem todos indivíduos foram atraídos a Ele. Ele certamente não atrai a Si os muitos milhões de ateus que morrem em ignorância absoluta acerca do Deus verdadeiro. O que Ele quis dizer foi, que uma grande multidão de todas as nações e classes seria salva; e isto é o que vemos começar a ocorrer. Em Hebreus 2:9, lemos que Jesus provou a morte por cada homem [N.T.: a versão da Bíblia utilizada durante a presente tradução (i.e. http://www.jesussite.com.br/bibliaonline.asp) apresenta o versículo com as seguintes palavras: "vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.) O original em Grego, no entanto, não utiliza a palavra "homem", mas simplesmente a palavra "cada". Então, em princípio, se o significado não é para ser limitado àqueles que são realmente salvos, por que limitá-lo aos homens? Por que não incluir os anjos caídos, mesmo o próprio Diabo, e os animais irracionais?
O versículo em I Coríntios 15:22 é provavelmente aquele mais freqüentemente cotado pelos Arminianos para refutar o Calvinismo. Nele lê-se: "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados." O versículo é, contudo, inteiramente irrelevante. Tal versículo é do famoso 'capítulo da ressurreição' escrito por Paulo, e o contexto deixa claro que ele não está falando sobre a vida nesta era, seja vida física ou espiritual, mas acerca da vida ressurreta. Nos versos 20 e 21, lemos: "(20) Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. (21) Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos." Em seguida vem o versículo 22, "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados."; que ele refere-se não à regeneração ou a uma vivificação neste mundo presente, mas à nova vida a qual é dada na ressurreição, é deixado bem claro nos versículos subsequentes: "(23) - Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. (24) Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai..." Cristo é o primeiro a entrar na vida ressurreta, então, quando ele vier, o Seu povo também entrará na sua vida ressurreta. Então virá o fim, isto é, o fim do mundo, e a introdução do céu em sua plenitude; e o que Paulo diz é que naquela hora uma vida ressurreta gloriosa se tornará realidade para todos aqueles que estão em Cristo. Isto é possível porque Cristo é a sua cabeça federal e seu representante. Através do Seu poder todos os Seus povos serão elevados a uma nova vida com Ele. E este ponto é ilustrado pelo bem compreendido fato de que a raça caiu em Adão, que agiu como a cabeça federal e representante de toda a raça. O que Paulo diz com efeito é isto: "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados." O versículo 22, então, não a algo passado, nem tampouco a alguma coisa no presente, mas sim a algo no futuro; e não tem absolutamente nada a ver com a controvérsia Arminiana - Calvinista.
Não foi a totalidade da humanidade que foi igualmente amada de Deus e indiscriminadamente redimida por Cristo. O louvor de João, "Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai..."[Apocalipse 1:5], evidentemente procede na hipótese de uma eleição definitiva e uma expiação limitada, uma vez que o amor de Deus foi a causa e o sangue de Cristo foi o meio eficaz para a redenção deles. A declaração de que Cristo morreu "por todos" fica ainda mais clara pela canção que os redimidos agora entoam ante o trono do Cordeiro: "Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação"[Apocalipse 5:9]. A palavra 'todos' deve ser entendida como significando todos os eleitos, toda a Sua Igreja, todos aqueles a quem o Pai deu o Filho, etc., não todos homens universalmente e cada homem individualmente. A multidão de redimidos será constituída de homens de todas as classes e condições de vida, de príncipes e de mendigos, de ricos e de pobres, de prisioneiros e de homens livres, de homens e de mulheres, de jovens e de idosos, de Judeus e de Gentios, homens de todas as nações, e raças, do norte até o sul, e do leste até o oeste.

2. O EVANGELHO TANTO É PARA JUDEUS COMO PARA GENTIOS.

Em algumas instâncias, a palavra "todos" é utilizada de maneira a ensinar que o Evangelho é para os Gentios tanto quanto para os Judeus. Através de muitos séculos da sua história passada, os Judeus foram, com poucas exceções, os recipientes exclusivos da graça salvadora de Deus. Eles grandemente abusaram dos seus privilégios como a nação escolhida. Eles supunham que esta mesma distinção seria mantida durante a era Messiânica; e eles sempre estiveram inclinados a apropriar-se do Messias exclusivamente para si mesmos. O exclusivismo Farisaico era tão rígido que os Gentios eram chamados estrangeiros, cães, comuns, impuros; e não era de conformidade com a lei que um Judeu acompanhasse ou tivesse qualquer coisa a ver com um Gentio [veja em João 4:9 = "Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)" e em Atos 10:28 = "e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo" e em Atos 11:3 = "dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles"]. A salvação dos Gentios era um mistério que não foi feito conhecido em outras épocas [veja em Efésios 3:4-6 = "(4) pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, (5) o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, (6) a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" e em Colossenses 1:27 = "a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória"]. Foi por esta razão que Pedro foi arrebatado em êxtase para a tarefa; pela Igreja em Jerusalém após ele haver pregado o Evangelho a Cornélio, e quase que podemos ouvi-los engasgando maravilhados, na exclamação dos líderes, quando após a defesa de Pedro eles disseram: "...Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida."[Atos 11:18]. Para entender que ideia revolucionária era esta, leia o texto todo, em Atos 10:1-11, 18. Consequentemente esta era uma verdade a qual foi peculiarmente necessário enfatizar, e foi trazida à tona nos termos mais fortes e mais completos. Paulo tinha de ser uma testemunha "para todos os homens", isto é, tanto para Judeus como para Gentios", do que ele havia visto e ouvido (veja em Atos 22:15 = "Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido"). Como utilizada neste sentido, a palavra "todos" não tem nenhuma referência com indivíduos, mas significa a humanidade em geral.

3. O TERMO "MUNDO" É USADO EM VÁRIOS SENTIDOS.

Quando é dito que Cristo morreu "...não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo."[I João 2:2], ou que Ele veio para "...para salvar o mundo."[João 12:47], o significado é que não meramente os Judeus, mas os Gentios também estão incluídos na Sua obra salvadora; o mundo como um mundo ou a raça como uma raça será redimido. Quando João Batista disse, "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo."[João 1:29] ele não estava fazendo um discurso teológico para os santos, mas pregando para pecadores; e a coisa não natural então teria sido que ele discursasse sobre Expiação Limitada ou qualquer outra doutrina a qual pudesse ser compreendida somente por santos. Nos é dito que João Batista "...veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele."[João 1:7]. Mas dizer que o ministério de João proporcionava uma oportunidade para cada ser humano ter fé em Cristo seria irracional. João nunca pregou para os Gentios. A sua missão era fazer com que Cristo "...fosse manifestado a Israel..."[João 1:31]; e na natureza do caso somente um número limitado dos Judeus poderia ser trazido para ouvi-lo.
Algumas vezes o termo "mundo" é usado quando somente refere-se a uma grande parte do mundo, como quando é dito que o Diabo é "o enganador de todo o mundo", ou que "toda a terra" maravilhou-se e seguiu a besta (Apocalipse 13;3). Se ao escrever o versículo em I João 5:19, "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno" o autor quis dizer cada indivíduo da raça humana, então ele e aqueles para quem ele escreveu estavam também no maligno, e ele estaria em contradição consigo mesmo, ao dizer que eles eram de Deus. Algumas vezes este termo significa somente que uma relativamente pequena parte do mundo, como quando Paulo escreveu à nova Igreja Cristã em Roma que "...em todo o mundo é anunciada a vossa fé"[Romanos 1:8]. Ninguém a não ser os crentes aplaudiriam àqueles Romanos por sua fé em Cristo, e na verdade o mundo no sentido mais amplo da palavra nem sequer sabia que existia tal Igreja em Roma. Assim é que Paulo quis dizer somente que 'o mundo crente' ou a Igreja Cristã, o que era então uma parte comparativamente insignificante do mundo real. Um pouco antes que Jesus nascesse, "...saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado . . . . E todos iam alistar-se..."[Lucas 2:1, 3]; todavia sabemos que o escritos tinha em mente somente aquela comparativamente pequena parte do mundo que era controlada por Roma. Quando foi dito que no dia de Pentecostes, "Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu."[Atos 2:5], entendia-se tratar somente aquelas nações que eram imediatamente conhecidas dos Judeus, já que os versículos de números 9, 10 e 11 listavam todas as que ali estavam representadas. Paulo diz que o Evangelho "...foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu..."[Colossenses 1:23]. Da deusa dos Efésios, Diana, foi dito ter sido adorada por "toda a Ásia e o mundo..."[Atos 19:27]. A nós foi dito que a fome que veio sobre o Egito no tempo de José "...prevaleceu em todas as terras" e que "...de todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José..."[Gênesis 41:57].

Numa conversação normal, muitas vezes falamos do mundo dos negócios, do mundo educacional, do mundo político, etc., mas não queremos dizer que toda pessoa no mundo é um executivo, ou graduado, ou um político. Quando dizemos que um certo fabricante de automóveis vende automóveis para todo mundo, não queremos com isso dizer que eles realmente vendem para cada indivíduo, mas que eles vendem carros para todo aquele que quiser pagar o seu preço. Podemos dizer de um professor de literatura numa cidade, que ele leciona para todo mundo, -- não que todo o mundo estude com ele, mas todos aqueles que pelo menos estudam, naquela cidade, o fazem com ele. A Bíblia é escrita na linguagem plena do povo, e deve ser assim entendida.
Versículos como João 3:16, "Pois Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna", dá prova abundante de que a redenção que os Judeus pensaram em monopolizar é universal tanto quanto o espaço. Deus amou o mundo de tal maneira, não uma pequena porção do mundo, mas o mundo inteiro, que Ele deu o Seu Filho Unigênito para a sua redenção. E não somente a extensão, mas a intensidade do amor de Deus são claramente demonstradas pela importante expressão adverbial 'de tal maneira', -- Deus amou o mundo de tal maneira; Deus amou o mundo tanto, apesar da perversidade, da impiedade do mundo, que Ele deu o Seu Filho Unigênito para morrer por ele. Mas onde está a tão propalada prova da sua universalidade para com os indivíduos? Este versículo é algumas vezes pressionado a tal extremo que Deus é representado como amoroso demais para punir qualquer um, e tão cheio de misericórdia que Ele não lidará com os homens de acordo com nenhum standard, nenhum padrão rígido de justiça, independentemente dos seus merecimentos. O leitor atento, ao comparar este versículo com outros na Bíblia, verá que alguma restrição precisa ser colocada na palavra "mundo". Um escritor perguntou, "Amou Deus a Faraó?" (veja em Romanos 9:17 = "Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra."). Amou Ele os Amalequitas (veja em Êxodo 17:14 = "Então, disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué; porque Eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu."). Amou Deus os Canaanitas, a quem Ele comandou serem exterminados sem misericórdia? (veja em Deuteronômio 20:16 = "Porém, das cidades destas nações que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego."). Amou Deus os Amonitas e Moabitas, a quem Ele comandou não serem recebidos na congregação para sempre? (veja em Deuteronômio 23:3 = "Nenhum Amonita ou Moabita entrará na assembléia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na assembléia do Senhor, eternamente."). Ama Deus os que praticam a iniquidade? (veja em Salmos 5:5 = "Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade."). Ele ama os vasos de ira preparados para destruição, os quais Ele suporta com muita longanimidade? (veja em Romanos 9:22 = "Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a Sua ira e dar a conhecer o Seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição,"). Amou Deus a Esaú? (veja em Romanos 9:13 = "Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.")."

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS.

Nem o convite profético, "Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite."[Isaías 55:1] e outras referências no mesmo sentido, contradizem este ponto de vista; pois a maioria da humanidade não está sedenta mas morta, morta em pecado, sem esperança e servidores aplicados de Satã, e em nenhum estado de fome e de sede, atrás da retidão. O convite gracioso de vir a Cristo é rejeitado, não porque haja qualquer coisa fora a sua própria pessoa que impeça a sua vinda, mas porque até que lhes seja graciosamente dado um novo nascimento através do operar do Espírito Santo eles não têm nem a vontade nem o desejo de aceitar. É Deus Quem dá esta vontade e Quem excita este desejo naqueles que são predestinados para a vida (veja em Romanos 11:7, 8 = "Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje." e em Romanos 9:18 = "Logo, tem Ele misericórdia que quem quer e também endurece a quem Lhe apraz."). Ele que quer, pode vir; mas uma pessoa que está completamente imersa em ateísmo, por exemplo, não tem chance de ouvir a oferta do Evangelho e não pose possivelmente vir. "E, assim, a fé vem pela pregação..."[Romanos 10:17]; e onde não há fé, não pode haver salvação. Nem pode vir aquela pessoa que ouviu o Evangelho mas que ainda é governada por princípios e desejos que fazem com que ela O odeie. Ele é um escravo do pecado e age de acordo. Ele, que quer, pode escapar de um prédio em chamas enquanto as escadas ainda estiverem seguras; mas ele que está dormindo, ou ele que não pensa seriamente no incêndio o bastante para fugir dele, não tem a vontade, e perece nas chamas. Clark diz, "Os Arminianos são fãs de dizerem: 'quem quer que seja que queira, virá', ou 'Quem quer que creia', implicando assim que a crença e a decisão são na totalidade atos de homem, e que tal fato é um golpe na soberana eleição. Verdadeiras como estas declarações são, elas não tocam no ponto em discussão. A quilômetros mais abaixo, está o ponto vital; como uma pessoa passa a querer? Se alguém quer, ele pode certamente escolher; mas a natureza pecaminosa avessa a Deus precisa ser modificada, para passar a querer, pela palavra de Deus, pela graça de Deus, pelo Espírito de Deus, ou por uma intervenção soberana." 1 Estritamente falando, estas não são ofertas divinas que são feitas indiscriminadamente a toda a humanidade, mas são endereçadas a um povo escolhido e são incidentalmente ouvidas por outros.
Se as palavras em I Timóteo 2:4, que Deus "O Qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.", fossem tomadas no sentido Arminiano, seguiria que, ou Deus está desapontado nos Seus desejos, ou todos os homens são salvos, sem exceção. Ademais, a doutrina que imputa desapontamento à Deidade, contradiz a classe de passagens Bíblicas as quais ensinam a soberania de Deus. A Sua vontade neste aspecto tem sido a mesma através dos séculos. E se Ele tivesse querido que os Gentios fossem salvos, por que foi que Ele confinou o conhecimento do meio de salvação aos limites estreitos da Judeia? Certamente ninguém negará que Ele poderia tão facilmente ter feito o Seu Evangelho conhecido tanto aos Gentios como aos Judeus. Onde Ele não proveu os meios, podemos estar seguros de que Ele não designou os fins. Vale a pena citar a resposta de Agostinho àqueles que adiantaram esta objeção no seu tempo: "quando o nosso Senhor lamenta que embora Ele desejasse juntar os filhos de Jerusalém como uma galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas ela (Jerusalém) não quis, devemos considerar que a vontade de Deus foi sobrepujada por um número de homens fracos, de modo que Ele que era o Deus Onipotente não poderia fazer o que Ele desejasse ou o que Ele quisesse fazer? Se é assim, no que se transforma então aquela onipotência pela qual Ele fez todas as coisas que O agradaram tanto no céu como na terra? Mais ainda, quem será encontrado tão irracional para dizer que Deus não pode converter as vontades más dos homens, os quais Lhe aprouver, quando Lhe aprouver, e como Lhe aprouver, em boas? Agora, quando Ele assim o faz, Ele o faz em misericórdia, e quando Ele não o faz, em julgamento Ele não faz." Versículos como I Timóteo 2:4 parecem ser melhor compreendidos não referirem-se aos homens individualmente, mas como um ensinamento da verdade geral que Deus é benevolente e que Ele não se alegra nos sofrimentos e na morte das suas criaturas. Pode ser ainda assinalado que se as passagens universalistas forem tomadas num sentido evangélico e aplicadas tão largamente quanto os Arminianos desejam aplicá-las, elas provarão a salvação universal, -- um resultado que é contradito pela Escritura, e o qual na verdade não é sustentado nem pelos próprios Arminianos.
Como apresentado no capítulo sobre a Expiação Limitada, há um sentido no qual Cristo de fato morreu pela humanidade em geral. Nenhuma distinção é feita quanto a idade ou país, caráter ou condição. A raça caiu em Adão e a raça no sentido coletivo foi redimida em Cristo. A obra de Cristo arrestou a execução imediata do castigo do pecado, como relacionado a toda a raça. Sua obra também traz muitas bênçãos temporais e físicas à humanidade em geral, e estabelece a fundação para a oferta do Evangelho a todos quantos O ouçam. Estes são os resultados admitidos serem da Sua obra e aplicados à toda a humanidade. Todavia isto não quer dizer que Ele morreu igualmente e que com o mesmo desígnio para todos.
É verdade que alguns versículos isolados parecem realmente implicar na posição Arminiana. Isto, contudo, reduziria a Bíblia a uma massa de contradições; pois há outros versículos os quais ensinam a Predestinação, a Incapacidade (Depravação), a Eleição, a Perseverança e etc., e os quais não podem por quaisquer meios legítimos serem interpretados em harmonia com o Arminianismo. Assim é que nesses casos, o significado do escritor sagrado pode ser determinado somente pela analogia da Escritura. Uma vez que a Bíblia é a palavra de Deus, ela é consistente em si mesma. Consequentemente, se encontramos uma passagem a qual em si mesma é capaz de duas interpretações, uma que harmoniza-se com o restante das Escrituras, enquanto que a outra não, é nosso dever então aceitar a primeira. É um princípio de interpretação reconhecido que as passagens mais obscuras devem ser interpretadas à luz de passagens mais claras, e não vice versa. Tem sido mostrado a nós que à evidência a qual é trazida à tona em defesa do Arminianismo, e a qual à primeira vista parece possuir considerável plausibilidade, pode legitimamente ser dada uma interpretação que se harmoniza com o Calvinismo. À vista das muitas passagens Calvinistas, e da ausência de qualquer uma passagem genuinamente Arminiana, nós sem hesitação fazemos a assertiva de que o sistema teológico Calvinista é o sistema verdadeiro.
Este é o verdadeiro universalismo das Escrituras Sagradas -- a Cristianização universal do mundo e a derrota completa das forças de perversidade, de impiedade espiritual. 'isto, é claro, não significa que cada indivíduo será salvo, pois muitos estão inquestionavelmente perdidos. Tanto quanto na salvação do indivíduo, perde-se muito possível serviço a Cristo e muitos pecados são cometidos antes que a salvação seja completa, assim também o é na salvação do mundo. Um número considerável são perdidos; todavia o processo de salvação terminará num grande triunfo, e os nossos olhos ainda verão "o espetáculo glorioso de um mundo salvo." As palavras do Dr. Warfield são aqui muito apropriadas: "A raça humana prossegue para o objetivo para o qual ela foi criada, e o pecado não arranca isto das mãos de Deus; o propósito primário de Deus para com ela (a raça humana) é alcançado; e através de Cristo, a raça humana, embora caída no pecado, é recuperada para Deus e alcança o seu destino original." 2
Então, enquanto o Arminianismo nos oferece um universalismo espúrio, o qual é no máximo um universalismo de oportunidade, o Calvinismo nos oferece o universalismo verdadeiro, na salvação da raça. E somente o Calvinista, com a sua ênfase nas doutrinas da Eleição soberana e da graça Eficaz, pode olhar para o futuro com confiança, esperando ver um mundo redimido.


Tradução livre: Eli Daniel da Silva
Belo Horizonte, 26 Novembro 2002

terça-feira, 27 de janeiro de 2015


NA CRUZ.

Na cruz não há lugar para ídolos ou fãs, pois ela não nos oferece espaço para astros e celebridades...
Na cruz não há espaço para fama, para carreiras, para status...
Nela não encontramos lugar algum para glória humana. 
A cruz é lugar de morte e vida, nela somos batizados na morte de Cristo recebendo o perdão e a vida eterna por seu sacrifício. A Cruz não nos oferece outra certeza que não seja a da salvação. Não encontramos na cruz nenhuma receita de vida próspera, nenhum catálogo de direitos os quais podemos exigir de Cristo. Não, definitivamente não... Ela nos atrai para morte, pois nela morremos em Cristo para a vida eterna...
Ela não é uma tentativa de salvar ou consertar algo. Ela é eficaz, totalmente eficaz...

Angelo dos Santos 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Espírito Santo, o Consolador. 

João14.16 

- Os discípulos haviam tomado sua última ceia com o Mestre. Os seus corações estavam TRISTES pensando na sua partida, e estavam OPRIMIDOS pelo sentimento de FRAQUEZA e DEBILIDADE. 
* Quem nos ajudará quando Ele partir? 
* Quem nos ensinará e nos guiará? 
* Quem estará conosco quando pregarmos e ensinarmos?
* Como poderemos enfrentar um mundo hostil?
- Cristo aquietou esses temores infundados com esta promessa: João 14.16
" Eu rogarei ao Pai, e Ele vós dará outro Consolador, para que fique convosco sempre."
- O Consolador é o Espírito da promessa. ( Ezequiel 36.27/ Joel 2.28)
- O Espírito Santo é chamado assim porque sua graça e seu poder são duas das principais bênçãos prometidas no Antigo Testamento. (Ezeq.36.27/ Joel2.28)
* A prerrogativa mais elevada de Cristo, ou o Messias, era a de conceder o Espírito, e esta prerrogativa Jesus a reivindicou quando disse:
"Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai" (Lucas 24.29/ Gálatas 3.14) 

By Angelo Dos Santos (2012)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Voltar a igreja primitiva?

Voltar a igreja primitiva?
Qual delas?
* A igreja em Éfeso, que deixou seu primeiro amor?
* A igreja em Esmirna, que teve alguns de seus membros lançados na prisão pelo diabo para serem tentamos, e sofreu tribulação de dez dias?
* A igreja em Pérgamo, que era casada com o mundo e cheia de falsas doutrinas?
* A igreja em Tiatira, tolerante com a prostituição e falsas doutrinas?
* A igreja em Sardes, a igreja morta. Entorpecida pelo pecado?
* A igreja em Filadélfia, que não se chama Filadélfia e tinha uma responsabilidade enorme à sua frente, a porta aberta era a sua responsabilidade missionária que não poderia ter falhado?
* A igreja em Laodiceia, que estava a ponto de ser vomitada pelo Senhor, que se tinha por rica e abastada mas era pobre cega e nua?
-- O que nos "resta"?
Coríntios, Gálatas, Tessalonicenses, Colossenses, Filipenses, ou os romanos?
Voltemos ao evangelho, já...

Angelo Dos Santos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Somente a Graça de Deus.



Sola Gratia
Por: Guy Prentiss Waters

“Maravilhosa Graça! Quão doce o som que salvou um miserável como eu!”; “Maravilhosa graça do nosso amado Senhor, a graça que excede o nosso pecado e a nossa culpa”. “Maravilhosa graça de Jesus, maior do que todos os meus pecados, como a minha língua deveria descrevê-lo, por onde deveria começar o seu louvor?”.

Os cristãos adoram cantar sobre a graça salvadora de Deus – e com razão. João nos diz que de Jesus “todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (João 1:16). Muitas das cartas do Novo Testamento começam e terminam com os escritores expressando seu desejo de que a graça de Jesus estivesse com o seu povo. As últimas palavras da Bíblia são: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém” (Apocalipse 22:21).

Os reformadores entenderam a importância da graça de Deus para o ensino bíblico sobre a salvação. De fato, um dos lemas que vieram a definir o ensino da Reforma era sola gratia, que é o latim para “somente pela graça”. Os cristãos são salvos somente pela graça de Deus.

Entre os protestantes, existe uma conhecida incompreensão e uma distorção do ensino da Igreja Católica Romana sobre a graça. Às vezes é dito: “Roma ensina que somos salvos pelas obras, mas os protestantes ensinam que somos salvos pela graça”. Esta declaração, mesmo sendo comum, é uma calúnia contra a Igreja Católica Romana. Roma não ensina que alguém é salvo pelas obras à parte da graça de Deus. Ela, de fato, ensina que uma pessoa é salva pela graça de Deus.

A que, então, Roma objetou no ensino dos reformadores? Onde está a linha que diferencia Roma da Reforma? Encontra-se em uma única palavra – sola (“somente”). Os reformadores sustentavam que o pecador é salvo pela graça de Deus, o seu favor imerecido, somente. Essa doutrina significa que nada que o pecador fizer pode trazer-lhe o mérito para obter a graça de Deus, e que o pecador não coopera com Deus, a fim de merecer a sua salvação. A salvação, do começo ao fim, é o dom soberano de Deus para os indignos e não merecedores. Conforme Paulo escreveu aos cristãos de Corinto que estavam inclinados a vangloriar-se: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Coríntios. 4:7). Ninguém pode estar diante de Deus e dizer: “Olhe para mim e veja o que eu fiz!” Deus não é devedor de ninguém, nem mesmo em matéria de salvação (Romanos 11:35).

Uma passagem da Escritura na qual a doutrina da salvação somente pela graça brilha é Efésios 2:1-10. Paulo escreveu aos Efésios, depois de ter ministrado entre eles por cerca de três anos (Atos 20:31). Está claro a partir do livro de Atos dos Apóstolos que Paulo dedicou-se profundamente a pregar e ensinar a Palavra de Deus para eles (19:8-10, 20:20-21).

A carta aos Efésios nos dá um vislumbre do banquete de ensino que Paulo havia colocado diante daquela igreja. No primeiro capítulo, Paulo leva-nos para os “lugares celestiais” (1:3). Ele nos mostra o plano do Pai para salvar os pecadores através da obra de seu Filho, uma obra que é aplicada e garantida pelo Espírito. Este plano é um plano generoso – o Pai “nos abençoou em Cristo com todas as bênçãos espirituais” (v. 3). Acima de tudo, Paulo enfatiza como esse plano de redenção redunda em louvor da gloriosa graça de Deus (vv. 6, 12, 14).

Depois de uma pausa para agradecer a Deus e interceder pelos Efésios, Paulo aplica as realidades celestiais de 1:3-14 às nossas vidas cristãs individuais em 2:1-10. Ele destaca duas vezes o fato de que “pela graça sois salvos” (2:5, 8). Como é a graça de Deus evidente na salvação? Nós vemos a graça de Deus em evidência, Paulo diz, quando Deus faz com que o morto viva em Cristo. Para apreciar plenamente a graça de Deus, vamos considerar a partir de Efésios 2:1-10 o que significa estar “morto” e o que significa estar “vivo”.

Quem são os “mortos”? Os Efésios estão incluídos. (“Vocês estavam mortos em... delitos e pecados...”, v.1). Inclui Paulo e seus companheiros judeus. (“Nós todos vivíamos nas paixões da nossa carne”, v. 3). De fato, inclui todo homem, mulher e criança em Adão. (“[Nós] éramos por natureza filhos da ira, como o resto da humanidade”, v.3). A palavra “mortos” inclui pessoas como você e eu.

O que significa estar "morto"? Paulo aponta para três coisas nesta passagem. Primeiramente, isso significa estar sob condenação. Antes de Cristo, estávamos “mortos nos delitos e pecados nos quais [nós] uma vez andávamos”. Deus disse a Adão em Gênesis 2, que a morte é a penalidade para o pecado. Quando violamos a lei de Deus, nós somos culpados perante este Deus santo, e responderemos perante a sua justiça. Em segundo lugar, estar morto significa que estávamos debaixo do jugo. Servíamos a três mestres: o mundo (“seguir o curso deste mundo”, 2:2), a carne (“todos nós vivíamos segundo as paixões da nossa carne, realizando os desejos do corpo e da mente”, 2:3), e o Diabo (“seguindo o príncipe do poder do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”, 2:2). Em terceiro lugar, estar morto significa que estávamos sob a ira. Nós “éramos por natureza filhos da ira, como o resto da humanidade” (2:3). Estávamos justamente sujeitos ao descontentamento santo de Deus por causa do nosso pecado. Éramos assim “por natureza” - em outras palavras, nascemos nessa condição.

Muitos não aceitam esse ensinamento. Fora da igreja, muitos assumem que as pessoas são basicamente boas. Elas tendem a acreditar, pelo menos implicitamente, que se dermos às pessoas uma educação adequada, os exemplos ou leis, então eles vão seguir o caminho certo. Leis justas, exemplos nobres e educação adequada são inestimáveis, mas são impotentes para mudar um coração comprometido com sua rebelião contra Deus. Dentro da igreja, muitos já disseram e ainda dizem que as pessoas estão doentes, e até mesmo desesperadamente doentes. No entanto, ainda diz-se a esses doentes que eles têm os recursos necessários para responder e cooperar com a graça de Deus. Mas Paulo não diz que estamos doentes. Ele diz que, longe de Cristo, nós estamos mortos. Espiritualmente falando, somos cadáveres no chão, sem Jesus. Não podemos nos aproximar de Deus, assim como um cadáver não pode reunir forças para sair de seu túmulo. Assim é o quão ruim estamos quando estamos longe de Cristo.

Felizmente, Paulo não termina por aí. Começando no versículo 4, Paulo se volta de nós para Deus, do mal que fizemos para o bem que Deus está fazendo em Cristo. Ele destaca três coisas sobre a graça de Deus no resto desta passagem:

Primeiro, ele nos aponta para a obra de Deus nos versículos 5-6: “Deus nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos – e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar com ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos e o fez assentar-se à sua direita (1:18-20), e ele nos fez algo incrível em nossa união com Cristo. Deus, Paulo disse, fez os mortos viverem. Isso é o que evoca a exclamação de Paulo: “Pela graça sois salvos” (2:5).

Em segundo lugar, Paulo nos aponta para a motivação de Deus. Por que Deus fez o morto reviver? Não foi por causa de nossas obras, Paulo diz no versículo 9, nem as obras que fizemos antes de nos tornarmos cristãos, nem as obras que temos feito depois que nos tornamos cristãos. Caso contrário, poderíamos ter motivo para “nos gloriar” (v. 9). Em vez disso, Paulo diz, Deus nos deu vida por causa de sua “misericórdia”, de seu “grande amor com que nos amou” (v. 4). Paulo sai do seu caminho para incutir em nós que o próprio amor e a misericórdia de Deus são a fonte da nossa salvação.

Em terceiro lugar, Paulo nos aponta para o propósito de Deus. Com que propósito Deus fez o morto reviver? Paulo diz no versículo 7, foi para que possamos colocar em exposição, tanto agora como na eternidade, as “riquezas imensuráveis ??da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus”. Como podemos fazer isso? Através da exposição em nossas vidas da obra prima de nosso Criador e Redentor - fomos “criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (v. 10).

Nós somos salvos, então, sola gratia – somente pela graça de Deus. Longe de levar-nos a abraçar uma vida de libertinagem e imprudência moral, a graça de Deus no evangelho nos leva a buscarmos uma vida de consagração e santidade. Por que isso acontece? O grande compositor de hinos, Isaac Watts, capturou bem o ponto de Paulo quando escreveu em seu hino “Quando eu vejo a maravilhosa cruz”: “Se toda a criação me pertencesse, ainda assim seria um presente muito pequeno, se comparado ao amor tão incrível, tão divino, que exigiria a minha alma, a minha vida, o meu tudo”. Pense nisso da próxima vez que cantar sobre a graça de Deus.




Fonte: Editora Fiel

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Que é Mesmo Chamada Eficaz?

O Que é Mesmo Chamada Eficaz?

por
E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou... Rm 8.30

Um ex-seminarista brincalhão disse que “Deus a uns chama, a outros Ele dá psiu”. Querendo dizer com isso que, aqueles a quem Deus predestinou para a vida eterna, a estes, Deus chama de forma eficaz (por Sua Palavra e por Seu Espírito), aos outros, que não são eleitos, ainda que sejam chamados pela pregação da Palavra, jamais virão a Cristo. Essa teologia despretensiosa e bem humorada do ex-seminarista traz em síntese a Doutrina da Vocação Eficaz.
Mas, o que é mesmo Chamada Eficaz? Gravem bem: há uma chamada “externa” que vem da pregação e exposição da Palavra de Deus, dada a todas as pessoas que entram em contato com o Evangelho. E também há um chamado “interior” (ou vocação interna e eficaz) dada pelo Espírito de Deus, o qual opera o novo nascimento. A regeneração é uma experiência que pertence somente aos eleitos. É exatamente esta chamada “interna” que chamamos de Chamada Eficaz.
A Chamada Eficaz atinge somente os eleitos! É um ato especial do Espírito Santo. O papel do Santo Espírito de Deus é melhor explicado nessas palavras: “aprouve Ele [Deus], no tempo por Ele determinado e aceito, chamar eficazmente, por Sua Palavra e por Seu Espírito, daquele estado de pecado e de morte, em que estão por natureza, à graça e salvação por meio de Jesus Cristo; iluminando suas mentes espiritual e salvificamente para entenderem as coisas de Deus; removendo seus corações de pedra e dando-lhes um coração de carne; renovando sua vontade e, por Seu infinito poder, determinando-lhes o que é bom, e eficazmente atraindo-os a Jesus Cristo; mas de tal forma que eles vêm livremente, sendo para isso dispostos por Sua graça.” (CFW, X, § I).[negrito e sublinhado meus]. Leia atentamente: 2Ts 2.13,14.
Quem não for eleito, ainda que seja chamado pela Palavra de Deus, jamais virá a Cristo Jesus! Simplesmente ele não se achegará a Cristo. Só o chamado externo é insuficiente para habilitar um pecador a vir a Jesus Cristo. Os não-eleitos jamais aceitarão ao Senhor Jesus Cristo!
Essas são as duas formas de se entender o que é Chamada Eficaz. É um chamamento tanto “interior” quanto “exterior”.

Spurgeon, pregador batista reformado, tinha uma declaração predileta com a qual costumava finalizar suas pregações: 
“Já ouvimos o pregador/Que esclareceu a verdade contundente/Mas precisamos de um Mestre maior/Do trono eterno provindo/A aplicação é obra de Deus somente.

Uma explicação simples de monergismo.

Uma Explicação Simples de Monergismo
por
John Hendryx


Monergismo simplesmente significa que é Deus quem faz com que os ouvidos ouçam e os olhos vejam. É Deus somente quem dá iluminação e entendimento de Sua palavra para que possamos crer; é Deus quem nos ressuscita dos mortos, que circuncida o coração; abre os ouvidos; é Deus somente quem pode nos dar um novo senso para que possamos, por fim, ter a capacidade moral de contemplar Sua beleza e excelência inigualável. O apóstolo João registrou Jesus dizendo a Nicodemus que nós naturalmente amamos as trevas, odiamos a luz e NÃO VAMOS para a luz (João 3:19,20). E visto que nossa dura resistência a Deus está assim fixada em nossas afeições, somente Deus, por Sua graça, pode amavelmente mudar, sobrepujar e desarmar nossa disposição rebelde. O homem natural, aparte da obra despertadora do Espírito Santo, não virá a Cristo por si mesmo, visto que ele está em inimizade com Deus e não pode entender as coisas espirituais. Lançar luz nos olhos cegos de um homem não o capacitará a ver, visto que, como todos sabemos, a vista requer novos olhos ou alguma restauração de sua faculdade visual. Da mesma forma, ler ou ouvir a palavra de Deus por si mesmo não pode produzir fé salvadora no leitor (ou ouvinte), a menos que o Espírito primeiro “germine” a semente da palavra no coração, por assim dizer, que então infalivelmente originará a nossa fé e união com Deus. Como Lídia, a quem “o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia ” (Atos 16:14), Ele deve também dar ao Seu povo vida e entendimento espiritual se seus corações hão de ser abertos e assim se voltar (atender, responder) a Cristo em fé.

Definição
A definição do dicionário Century de monergismo pode ser útil:

“Na teologia, [monergismo é] a doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz na regeneração [o novo nascimento] — que a vontade humana não possui inclinação para a santidade até ser regenerada [nascida de novo] e, portanto, não pode cooperar na regeneração”.

Etimologia
A palavra “monergismo” consiste de duas partes principais. O prefixo grego “mono” significa “um”, “único”, ou “sozinho”, enquanto o sufixo “ergon” significa “trabalhar”. Tomando juntos significa “o trabalho de um [indivíduo]”.

Então, para simplificar, monergismo é a doutrina de que o nosso novo nascimento (ou “despertamento”) é obra de Deus, o Espírito Santo somente, com nenhuma contribuição do homem, visto que o homem natural, de si mesmo, não tem nenhum desejo por Deus e não pode entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14, Romanos 3:11,12; Romanos 8:7; João 3:19, 20). O homem permanece resistente a todos os chamados externos do evangelho até que o Espírito venha para nos desarmar, nos chamar internamente e implantar em nós novas e santas afeições por Deus. Nossa fé vem somente como o resultado imediato do Espírito operando em nós ao ouvir a proclamação da palavra. Mas assim como Deus não nos força a ver contra a nossa vontade quando Ele nós dá olhos físicos, assim também Deus não nos força a crer contra a nossa vontade quando nos dá olhos espirituais. Deus nos dá o dom da visão e nós desejosamente o exercitamos.

Aplicação

Monergismo tira toda a esperança de nós mesmos, revela nossa falência espiritual, aparte de Cristo, e assim nos leva a dar toda a glória a Deus pela nossa salvação. Enquanto pensarmos que contribuímos com algo, mesmo com algo muito pequeno (como boas intenções), então ainda pensaremos que Deus nos salva por algo bom que Ele vê em nós e não em nosso próximo. Mas este não é claramente o caso. Nós somos todos pecadores e não podemos nos vangloriar em nada diante de Deus, incluindo o desejo de ter fé em Cristo (Filipenses 1:29, Efésios 2:8, 2 Timóteo 2:25). Pois, por que nós temos fé e o nosso próximo não? Considere isto. Nós fizemos um uso melhor da graça de Deus do que ele o fez? Nós somos mais espertos? Mais sensíveis? Alguém ama naturalmente a Deus?

A resta é “não” a todas as perguntas acima. É a graça de Deus que nos faz diferir do nosso próximo e é a graça de Deus que origina a nossa fé, não porque sejamos melhores ou tenhamos mais discernimento.

O fato é que quando o Espírito nos capacita para ver que falhamos em cumprir a santa lei de Deus, o homem se desesperará totalmente de si mesmo Então, como C.H. Spurgeon disse:

“... o Espírito Santo vem e mostra ao pecador a cruz de Cristo, lhe dá olhos ungidos com colírio celestial, e diz, “Olhe para aquela cruz. Aquele Homem morreu para salvar pecadores; você sente que é um pecador; Ele morreu para te salvar”. E então o Espírito Santo capacita o coração para crer, e para vir a Cristo”.

Para concluir, “...ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo” (1 Coríntios 12:3). ...que é o depósito que garante o que há de vir (2 Coríntios 5:5). Assim, deveria ser claro para nós que nem todos recebem esta benção redentora de Cristo. Deus a concede misericordiosamente a quem Ele quer, segundo o Seu soberano e bom propósito (Romanos 9:15-18; Efésios 1:4, 5). O resto continuará em sua rebelião deliberada, fazendo escolhas segundo os seus desejos naturais e assim recebendo a ira da justiça de Deus. Este é o porquê dela ser chamada “misericórdia” — não leva em conta o que merecemos. Se Deus fosse obrigado a dá-la a todos os homens, então ela não mais seria misericórdia por definição. Isto não deveria nos surpreender...o que deveria nos surpreender é o amor maravilhoso de Deus, ou seja, que Ele salve um pecador como eu.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 14 de Maio de 2004.