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segunda-feira, 7 de julho de 2014
domingo, 6 de julho de 2014
A inerrância da Escritura
1. O significado de inerrância.
A seção anterior tratou a respeito da veracidade da Escritura. Um componente importante desse tópico é a inerrância da Escritura. Essa questão é de grande importância no mundo evangélico hoje porque em muitos círculos a veracidade da Escritura tem sido questionada ou mesmo abandonada. Com a evidência dada acima a respeito da veracidade da Escritura, estamos agora na posição de definir a inerrância bíblica: A inerrância da Escritura significa que a Escritura, nos seus manuscritos originais, não afirma nada que seja contrário ao fato. Essa definição enfoca a questão da veracidade e da falsidade na linguagem da Escritura. A definição em termos simples significa apenas que a Bíblia sempre diz a verdade e que ela sempre diz a verdade a respeito de cada coisa a que se refere. Essa definição não significa que a Bíblia nos diz cada fato que há para conhecer a respeito de um assunto, mas afirma que o que ela diz a respeito de um assunto é verdadeiro. É importante perceber no começo desta discussão que o foco desta controvérsia é sobre a questão da veracidade na linguagem. Deve-se reconhecer que a veracidade absoluta na linguagem está de acordo com alguns outros tipos de afirmações, como as que se seguem:
a. A Bíblia pode ser inerrânte e ainda falar a linguagem habitual da conversação diária.
Isso é especialmente verdadeiro nas descrições de fatos ou eventos de caráter “científico” ou “histórico”. A Bíblia pode falar do sol que se levanta e da chuva que cai por causa perspectiva do narrador, que é exatamente o que acontece. Da perspectiva do narrador, o sol realmente se levanta e a chuva realmente cai, e essas são descrições perfeitamente verdadeiras dos fenômenos naturais que o narrador observa. Uma consideração similar aplica-se aos números quando usados para contar ou para medir. Um repórter pode dizer que 8000 homens foram mortos em determinada batalha sem, desse modo, sugerir que ele contou cada um e que não havia 7 999 ou 8001 soldados mortos. Isso é verdade também a respeito das medidas. Se eu digo: “Não moro longe da biblioteca”, ou “Moro a pouco mais de um quilômetro da biblioteca”, ou “Moro a um pouquinho menos de um quilômetro da biblioteca” ,ou “Moro a um quilômetro e meio da biblioteca”, todas essas afirmações possuem certo grau de proximidade e de exatidão. Em ambos os exemplos, e em muitos outros que poderiam ser retirados da vida diária, os limites da veracidade dependeriam do grau de precisão sugerido pelo narrador e esperado por seus ouvintes originais. Não haveria problema para nós, então, em afirmar que, ao mesmo tempo em que a Bíblia é absolutamente verdadeira em tudo o que diz, ela usa a linguagem comum para descrever os fenômenos naturais e dar aproximações ou números redondos quando eles são apropriados no contexto.
b. A Bíblia pode ser inerrante e, todavia, incluir citações livres ou soltas.
O método pelo qual uma pessoa cita as palavras de outra é um procedimento que em grande parte varia de cultura para cultura. Enquanto na cultura contemporânea americana e inglesa costumamos mencionar as palavras exatas de uma pessoa fazendo citações entre aspas, o grego escrito no tempo do NT não possuía aspas ou qualquer espécie de sinalização equivalente, e a citação exata de outra pessoa precisava incluir somente a apresentação correta do conteúdo do que a pessoa havia dito (mais ou menos como o nosso uso de citações indiretas); não era esperado que cada palavra fosse citada com exatidão. Assim, a inerrância é coerente com citações livres ou soltas do AT ou das palavras de Jesus, por exemplo, contanto que o conteúdo não seja falso em relação ao que originariamente foi afirmado. O escritor original não sugeriu de forma geral que estivesse usando as palavras exatas de um narrador e somente aquelas, nem os ouvintes originais esperavam a citação textual em tal narração.
c. As construções gramaticais incomuns ou excepcionais na Bíblia não contradizem a inerrância.
Alguma coisa da linguagem na Escritura é elegante e estilisticamente excelente. Outras passagens da Escritura contêm linguagem mais própria das pessoas comuns. As vezes isso inclui a falha em seguir as regras de expressão usualmente aceitáveis (como o uso de um verbo no plural, quando as regras gramaticais exigem um verbo no singular). Essas afirmações gramaticais estilisticamente incorretas (muitas delas são encontradas no livro de Apocalipse) não devem ser problema para nós, pois elas não afetam a veracidade das afirmações em pauta; a afirmação pode não ser gramaticalmente correta e, todavia, ser totalmente verdadeira. Por exemplo, o lenhador da área rural que não possua educação formal pode ser o homem mais confiável da região, mesmo que a sua gramática seja pobre, porque ele ganhou a reputação de nunca mentir. De modo semelhante, há algumas afirmações na Escritura (nas línguas originais) que não são corretas gramaticalmente (de acordo com os padrões vigentes da boa gramática naquele tempo), mas são ainda inerrantes porque são completamente verdadeiras. Deus usou pessoas comuns que usaram o seu vocabulário comum. A questão não é a elegância de estilo, mas a veracidade no falar.
2. Alguns desafios comuns a inerrância.
Nesta seção vamos examinar algumas das objeções mais importantes que são regularmente levantadas contra o conceito de inerrância. A Bíblia é a única regra repleta de autoridade para a “fé e prática”. Uma das objeções mais freqüentes à inerrância é levantada por aqueles que dizem que o propósito da Escritura é ensinar-nos em áreas que dizem respeito à “fé e prática” somente, isto é, nas áreas que dizem respeito diretamente à nossa fé religiosa ou nossa conduta ética. Essa posição permite a possibilidade de afirmações falsas na Escritura, como, por exemplo, em outras áreas como a de detalhes históricos sem maior importância ou em fatos científicos — essas áreas, é dito, não dizem respeito ao propósito da Bíblia, que é o de nos instruir sobre em que devemos crer e como devemos viver. Os defensores dessa posição muitas vezes preferem dizer que a Bíblia é infalível, mas hesitam em usar a palavra inerrante. A resposta a essa objeção pode ser afirmada do seguinte modo: A Bíblia repetidamente afirma que toda a Escritura é útil para nós e que tudo é “inspirado por Deus” (2Tm 3.16). Assim, ela é completamente pura (Sl 12.6), perfeita (Sl 119.96) e verdadeira (Sl 119. 160).A Bíblia não faz ela própria qualquer restrição aos assuntos sobre os quais fala com toda a verdade.
O NT contém afirmações adicionais sobre a confiabilidade de todas as partes da Escritura. Em Atos 24.14, Paulo diz que ele adora a Deus, acreditando “em tudo o que concorda com a Lei e no que está escrito nos Profetas”. Em Lucas 24.25 (RA), Jesus diz que os discípulos são “néscios” porque eram “tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram”. Em Romanos 15.4, Paulo diz que “tudo o que foi escrito no passado” no AT “foi escrito para nos ensinar”. Esses textos não dão indicação alguma de que haja qualquer parte da Escritura que não seja digna de confiança ou na qual não se possa confiar completamente. O rápido exame do detalhes históricos do AT que são citados no NT indica que os escritores do NT estavam desejosos de confiar na veracidade de qualquer parte das narrativas históricas do AT. Nenhum detalhe é tão insignificante que não possa ser usado para a instrução dos cristãos do NT (v.,por ex., Mt 12.3,4,41; Lc 4.25,26; Jo 4.5; Co 10.11; Hb 11; Hb 12.16,17; Tg 2.25; 2Pe 2.16 etc.). Não há indicação alguma de que eles pensassem que uma categoria de afirmações da Escritura não fosse confiável (por exemplo, afirmações “históricas e científicas” como opostas às passagens de caráter doutrinário ou moral). Parece claro que a Bíblia em si mesma não dá suporte a qualquer restrição com respeito a assuntos dos quais ela fala com autoridade e verdade absoluta; de fato, muitas passagens na Escritura realmente excluem a validade desta espécie de restrição. A segunda resposta aos que limitam a veracidade necessária da Escritura a matérias de “fé e prática” é que o pensamento deles confunde o propósito principal da Escritura com o propósito total dela. Dizer que o propósito principal da Escritura é ensinar-nos em matéria de “fé e prática” é fazer um sumário útil e correto do propósito de Deus em nos dar a Bíblia. Mas, como sumário, ele inclui somente o propósito mais proeminente de Deus ao nos dar a Escritura. Não é, contudo, legítimo usar esse sumário para negar que é parte do propósito da Escritura discorrer a respeito de detalhes históricos menos importantes ou a respeito de alguns aspectos de astronomia ou geografia, e assim por diante. Um sumário não pode ser devidamente usado para negar uma das coisas que ele está sintetizando! É melhor dizer que o propósito total da Escritura é dizer tudo o que ela diz, qualquer que seja o assunto. Cada uma das palavras de Deus na Escritura foi considerada por ele como importante para nós. Assim, Deus emite severas advertências a qualquer um que retire mesmo uma só palavra do que ele nos disse (Dt 4.2; 12.32; Ap 22.18,19). Não podemos acrescentar nada às palavras de Deus ou retirar algo delas, porque todas são parte do propósito mais amplo que ele nos quis comunicar. Cada coisa afirmada na Escritura está ali porque Deus quis que estivesse. Deus não diz nada sem propósito!
a. O termo inerrância é um termo pobre.
As pessoas que fazem essa segunda objeção dizem que o termo inerrância é preciso demais e que no uso comum denota uma espécie de precisão científica absoluta que não queremos reivindicar para a Escritura. Além disso, os que levantam essa objeção observam que o termo inerrância não é usado na própria Bíblia. Portanto, eles dizem, provavelmente não é o termo apropriado sobre o qual devamos insistir. A resposta a essa objeção pode ser feita do seguinte modo: Primeiro, a palavra tem sido usada por estudiosos há mais de cem anos, e eles sempre têm atentado para “limitações” que fazem parte de uma narrativa na linguagem comum. Ademais, deve ser observado que muitas vezes usamos termos não bíblicos para resumir um ensino bíblico. A palavra Trindade não ocorre na Escritura, nem a palavra encarnação. Todavia, ambos os termos são muito úteis porque nos permitem sintetizar em uma palavra um conceito bíblico verdadeiro e são, portanto, úteis para capacitar-nos a discutir um ensino bíblico mais facilmente. Finalmente, hoje na igreja parece que somos incapazes de levar a discussão adiante nessa matéria sem o uso do termo. As pessoas podem objetar a termos, se quiserem, mas, gostando ou não, esse é o termo em torno do qual a discussão tem-se desenvolvido e quase certamente continuará a sê-lo nas próximas décadas. Portanto, parece apropriado manter seu uso na discussão a respeito da veracidade completa da Escritura.
Não possuímos nenhum manuscrito inerrante. Portanto, falar a respeito de inerrância é um engano. Os que fazem essa objeção apontam para o fato de que a inerrância sempre tem sido reivindicada para o documento original ou para as cópias originais dos documentos bíblicos. Todavia, nenhuma delas sobrevive; temos somente cópias de cópias do que Moisés, Paulo ou Pedro escreveram. Qual é, então, a razão de se atribuir tanta importância à doutrina que se aplica somente aos manuscritos que ninguém possui? Em resposta a essa objeção, podemos primeiro pensar em uma analogia da história americana. A cópia original da Constituição dos Estados Unidos está guardada no edifício chamado National Archives, em Washington, DC. Se por causa de um terrível evento o edifício for destruído e a cópia original da Constituição se perder, poderíamos saber o que a Constituição dizia? Claro que sim! Nós compararíamos suas centenas de cópias e, onde todas concordassem, teríamos razão para crer que temos as palavras exatas do documento original. Processo semelhante ocorreu na determinação das palavras originais da Bíblia. Pois, em cerca de 99% das palavras da Bíblia, nós sabemos o que o manuscrito original dizia. Mesmo que em muitos versículos haja variantes textuais (isto é, palavras diferentes em diferentes cópias antigas do mesmo versículo), a decisão correta é com freqüência bastante clara (pode haver um óbvio erro de copista, por exemplo), e há realmente pouquíssimos lugares onde a variante textual seja ao mesmo tempo difícil de avaliar e relevante para a determinação do sentido do texto. Em porcentagem pequena de casos em que há incerteza significativa a respeito do que o texto original dizia, o sentido geral da frase em geral é suficientemente claro por causa do contexto. Isso não significa que o estudo das variantes textuais não seja importante, mas significa que o estudo das variantes textuais não nos deixa confusos a respeito do que os manuscritos originais disseram. Ao contrário, esse estudo nos aproxima do conteúdo dos manuscritos originais. Porque, para a maior parte dos propósitos práticos, os textos especializados presentemente publicados do hebraico do AT e do grego do NT são como se fossem os manuscritos originais. Portanto, a doutrina da inerrância afeta como pensamos não somente a respeito dos manuscritos originais, mas também a respeito dos manuscritos atuais.
Os autores bíblicos “acomodaram” suas mensagens nos detalhes menos importantes às falsas idéias correntes em seu tempo e afirmaram ou ensinaram essas idéias de modo incidental. Os que sustentam essa posição argumentam que teria sido muito difícil para os escritores bíblicos comunicar-se com o povo de seu tempo se tivessem tentado corrigir toda a falsa informação histórica e científica aceita por seus contemporâneos (como o universo de três andares ou que nosso planeta é uma espécie de prato plano, e assim por diante). Portanto, dizem, quando os autores da Escritura estavam tentando propor um argumento mais amplo, algumas vezes incidentalmente fizeram certas afirmações falsas aceitas pelas pessoas de sua época. A essa objeção à inerrância podemos responder que Deus é o Senhor da linguagem que pode usar a linguagem humana para comunicar-se perfeitamente sem ter de afirmar quaisquer idéias falsas que possam ter sido sustentadas pelas pessoas contemporâneas aos autores da Escritura. Além disso, tal “acomodação” de Deus ao nosso entendimento errôneo implicaria que Deus agiu contrariamente ao seu caráter de um Deus que não pode mentir (Nm 23.19; Tt 1.2; Hb 6.18). Embora Deus se rebaixe a falar a língua dos seres humanos, nenhuma passagem da Escritura ensina que ele seja ‘‘condescendente’’a ponto de agir de modo contrário ao seu caráter moral. Essa objeção, assim, em sua raiz, interpreta mal a pureza e a unidade de Deus na medida em que elas afetam todas as suas palavras e os seus atos.
b. Há alguns erros claros na Bíblia.
Para muitos que negam a inerrância, a convicção de que há alguns erros evidentes na Escritura é o fator de maior importância que os persuade a desafiar a doutrina da inerrância. Em cada caso, contudo, a primeira resposta que deveria ser dada a essa objeção é perguntar onde os erros estão, ou em qual versículo específico ou versículos esses “erros” ocorrem. É surpreendente ver quantas vezes essa objeção é levantada por pessoas que têm pouca ou nenhuma ideia sobre onde os erros específicos estão. Todavia creem que há erros porque outros disseram que há. Em outros casos, contudo, alguns mencionam uma ou mais passagens específicas onde, segundo alegam, há uma afirmação falsa na Escritura. Em muitos exemplos, o exame cuidadoso do texto bíblico em si trará à luz uma ou mais soluções possíveis para a dificuldade alegada. Em poucas passagens, nenhuma solução para a dificuldade pode ficar imediatamente evidente da leitura do texto em nossa língua. A essa altura é útil consultar alguns comentários sobre o texto. Há uns poucos textos em que certo conhecimento do hebraico ou grego talvez seja necessário a fim de se encontrar a solução, e quem que não possui acesso de primeira mão a essas línguas terá de encontrar respostas em um comentário mais técnico ou servir-se de alguém que possua treinamento para isso. Naturalmente, o nosso entendimento da Escritura nunca é perfeito, e isso significa que pode haver casos em que não seremos capazes de encontrar solução para uma passagem difícil no presente momento. Isso é assim porque a evidência linguística, histórica ou contextual de que precisamos para entender a passagem corretamente ainda é desconhecida para nós. Essa dificuldade em pequeno número de passagens não deve incomodar-nos, desde que o padrão total de nossa investigação dessas passagens mostre que não há, de fato, nenhum dos erros alegados.
Finalmente, a perspectiva histórica sobre essa questão é útil. Não há realmente quaisquer problemas “novos” na Escritura. A Bíblia em sua totalidade tem mais de dezenove séculos, e os pretensos “textos-problema” estavam ali o tempo todo. Todavia, no decorrer de toda a história da igreja há a firme crença na inerrância das Escrituras no sentido em que ela foi definida neste capítulo. Além disso, há centenas de anos estudiosos muito competentes da Bíblia leem e estudam esses textos-problema e ainda não encontraram dificuldade em sustentar a inerrância. Isso deveria deixar-nos confiantes em que as soluções para esses problemas estão disponíveis e em que a crença na inerrância está totalmente de acordo com a duradoura atenção dedicada ao texto da Escritura.
3. Problemas com a negação da inerrância.
Os problemas que aparecem com a negação da inerrância bíblica são muito significativos e, quando entendemos a magnitude desses problemas, isso nos dá o encorajamento adicional não somente para afirmar a inerrância, mas também para garantir sua importância para a igreja. Alguns dos problemas mais sérios são os listados a seguir:
a. Se negarmos a inerrância, deparamos com um sério problema moral: Podemos imitar Deus e intencionalmente mentir nas pequenas coisas também? Efésios 5.1 nos diz que sejamos imitadores de Deus. Mas a negação de inerrância que ainda alega que as palavras da Escritura são palavras sopradas por Deus necessariamente leva à conclusão de que Deus intencionalmente falou falsamente para nós em algumas das afirmações menos centrais da Escritura. Mas, se para Deus é correto agir assim, como pode ser errado para nós? Tal linha de raciocínio, se crêssemos nela, exerceria grande pressão sobre nós para que começássemos a falar inverdades em situações onde poderiam parecer de ajuda em nossa comunicação, e assim por diante. Essa posição seria uma ladeira escorregadia com resultados negativos sempre crescentes em nossa vida.
b. Segundo, se a inerrância é negada, começamos a pensar se realmente podemos confiar em Deus em qualquer coisa que ele venha a dizer.
Uma vez que nos convençamos de que Deus nos falou de maneira falsa em alguns assuntos de menor importância na Escritura, percebemos que Deus é capaz de nos falar falsamente. Isso ocasionará um efeito prejudicial sério sobre a nossa capacidade de levar Deus a sério em sua palavra e confiar nele completamente ou obedecer a ele plenamente no restante da Escritura. Podemos começar a desobedecer inicialmente nas seções da Escritura que menos desejaríamos obedecer, e desconfiar inicialmente das seções nas quais estaríamos menos inclinados a confiar. Mas tal procedimento finalmente se expandirá, para grande prejuízo de nossa vida espiritual.
c. Terceiro, se negarmos a inerrância, essencialmente faremos da mente o padrão de verdade mais alto que a própria Palavra de Deus. Usamos nossa mente para estabelecer juízo sobre algumas partes da Palavra de Deus e as pronunciamos como contendo erros. Mas isso é, de fato, dizer que conhecemos a verdade com mais certeza e mais exatidão que a própria Palavra de Deus (ou que Deus), ao menos nessas áreas. Tal procedimento, que torna nossa mente o padrão mais alto de verdade que a Palavra de Deus, é a raiz de todo o pecado intelectual.
d. Quarto, se negarmos a inerrância, devemos também dizer que a Bíblia esta errada não somente nos detalhes menos importantes, mas igualmente em algumas de suas doutrinas.
A negação da inerrância significa dizermos que o ensino da Bíblia a respeito da natureza da Escritura e a respeito da veracidade e confiabilidade das palavras de Deus também é falso. Esses não são pequenos detalhes, e sim preocupações doutrinárias muito importantes na Escritura.
e. A Palavra de Deus escrita é a nossa autoridade final. É importante perceber que a forma final na qual a Escritura é cheia de autoridade é a forma escrita. Foram as palavras de Deus escritas em tábuas de pedra que Moisés depositou na arca da aliança. Mais tarde, Deus ordenou a Moisés e subsequentemente aos profetas para escreverem suas palavras em um livro. Foi a Palavra de Deus escrita que Paulo disse ser ”inspirada” (gr. graphē em 2Tm 3.16). Isso é importante porque as pessoas às vezes (de forma intencional ou não) tentam substituir as palavras escritas da Escritura por algum outro padrão final. Por exemplo, elas se referem ao “que Jesus realmente disse” e afirmam que, quando traduzimos as palavras gregas dos evangelhos para a língua aramaica que Jesus falou, podemos obter entendimento melhor das palavras de Jesus do que foi dado pelos escritores dos evangelhos. Em outros casos, há quem alegue conhecer ”o que Paulo realmente pensava” mesmo quando esse conhecimento é diferente do significado das palavras que ele escreveu. Ou falam do “que Paulo teria dito se ele tivesse sido coerente com o restante de sua teologia”. De modo semelhante, outras pessoas falam da “situação da igreja à qual Mateus está escrevendo” e tentam dar força normativa tanto para essa situação como para a solução que pensam que Mateus estava tentando produzir nessa situação.
Em todos esses exemplos, devemos admitir que perguntar a respeito das palavras ou situações que estão por trás do texto da Escritura pode, às vezes, ser útil para nós no entendimento do que o texto significa. Não obstante, nossas reconstruções hipotéticas dessas palavras ou situações podem nunca substituir ou competir com a própria Escritura como a autoridade final, nem devemos permitir que contradigam ou levantem dúvidas sobre a exatidão de qualquer das palavras da Escritura. Devemos continuamente relembrar que temos na Bíblia as verdadeiras palavras de Deus, e não podemos tentar “melhorá-las” de algum modo, pois isso não pode ser feito. Ao contrário, devemos procurar entendê-las e, então, confiar nelas e obedecer a elas de todo o nosso coração.
Embora as posições indesejáveis listadas acima estejam logicamente relacionadas à negação da inerrância, uma Palavra de advertência se faz necessária: nem todos que negam a inerrância adotarão também as conclusões indesejáveis mencionadas. Algumas pessoas (provavelmente de modo incoerente) negarão a inerrância, mas não caminharão para esses passos lógicos. Em debates sobre a inerrância, como em outras discussões teológicas, é importante que critiquemos as pessoas com base nas idéias que elas realmente sustentam e que distingamos claramente essas idéias das posições que pensamos que elas sustentam, para ver se estas estão de acordo com as próprias idéias afirmadas.
Fonte: Teologia Sistemática, Editora Vida Nova, Inerrância da Escritura
Autor: Wayne Grudem
TRANSFUSÕES DE SANGUE???
TRANSFUSÕES DE SANGUE???
Vamos analisar alguns pontos sobre isto?
1) Este versículo proíbe transfusões de sangue?
GÊNESIS 9.4 – A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
A MÁ INTERPRETAÇÃO: As Testemunhas de Jeová acreditam que esse verso proíba as transfusões de sangue. Alegam que uma transfusão sanguínea é o mesmo que comer sangue, porque é algo muito semelhante ao processo de alimentação intravenosa.
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Enquanto é verdade que Gênesis 9.4 proíbe “comer” sangue, uma transfusão não consiste em “comer” sangue. Apesar de um médico, ao dar alimentação a um paciente de modo intravenosos, chamar essa operação de “alimentação”, simplesmente não significa que o procedimento de dar sangue de forma intravenosa se constitua em “alimentação”. O sangue não é recebido pelo organismo como “comida’. Comer é o ato literal de colocar a comida para dentro do organismo de modo normal, através da boca, e consequentemente para o sistema digestivo. É costume referir-se a injeções intravenosas como “alimentação” pois o resultado final é que, através de injeções intravenosas, o corpo recebe os nutrientes que normalmente receberia através do ato de comer. Em vista disso, Gênesis 9.4 e outras passagens relacionadas à proibição de comer sangue não podem ser usadas como suporte à proibição de transfusões de sangue. Uma transfusão simplesmente reabastece o corpo com um fluido essencial, que dá sustento à vida.
2) Esta passagem proíbe uma pessoa de sofrer uma transfusão de sangue?
A MÁ INTERPRETAÇÃO: Levítico 17.11-12 diz: “Porque a vida (alma) de carne está no sangue, pelo que vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação pela alma. Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: Nenhuma alma dentre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrine entre vós comerá sangue”. As testemunhas de Jeová acreditam que esse é outro verso que proíbe transfusões de sangue.
CORRIGINDO Á MÁ INTERPRETAÇÃO: A proibição aqui é primariamente dirigida ao ato de comer carne que ainda estiver pulsando com vida, devido ao sangue da vida ainda estar nela. A transfusão de sangue não envolve o ato de comer carne que ainda contenha em si o sangue que lhe confere vida. Daí, transfusões de sangue não violam Lv 17.
3) Esta passagem indica que receber uma transfusão de sangue é pecado?
ATOS 15.20 – Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue.
A MÁ INTERPRETAÇÃO: As Testemunhas de Jeová dizem que esse verso prova que as transfusões de sangue são contrárias à vontade de Deus.
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Essa passagem está falando sobre a restrição que havia no Antigo Testamento contra comer ou beber sangue (Gn 9.3-4; confira At 15.28,29). Contudo, uma transfusão de sangue não é “comer” ou “beber sangue”.
As proibições em Gn 9.3, 4 e Levítico 17.10-12 foram primeiramente direcionadas ao ato de comer carne que ainda estivesse pulsando com a sua vida, pois o sangue da vida ainda estaria nela. Mas a transfusão de sangue não é o mesmo ato que comer carne que ainda contenha em si o sangue da vida.
Finalmente, a proibição em Atos não foi dada como uma lei através da qual os cristãos devessem viver, pois o Novo Testamento ensina claramente que não estamos mais sob uma lei ( Rm 6.14; Gl 4.8,31 ). Antes, o conselho de Jerusalém estava admoestando os cristãos gentios a que respeitassem os seus irmãos judeus observando essas práticas, e desse modo não causando escândalo “nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus” (I Co 10.32).
Fonte: Norman Geisler
Angelo Dos Santos
Apresentamos a vocês, a União dos Moderadores Reformados (U.M.R.).
A união, formada por páginas do facebook e blogs, foi criada com o propósito de unir forças na produção de conteúdos que edifiquem os servos de Deus, esclareçam sobre as Doutrinas da Graça e combatam a propagação de heresias perniciosas. As páginas que tiverem o selo abaixo são páginas que seguem a teologia reformada e estão comprometidas com o crescimento do reino de Deus e a pureza do evangelho.
As páginas participantes são:
sexta-feira, 4 de julho de 2014
Neste maravilhoso Sermão, Sr. Calvino faz uma belíssima e luminosa exposição em Gálatas 6: 14-18: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém”.
Em tempos em que comumente imagina-se que é possível carregar o nome de Cristão, e ainda assim estar enredado ao mundo e ao que é valorizado por este; e que a suficiência da Palavra de Deus é cada vez mais contestada, senão pelo discurso, mas sim pela vida de tantos professos, este sermão está repleto de ensinos tão valiosos, que se iluminados pelo Santo Espírito, podem ser úteis para despertar-nos de um sono mortal, para que nos convertamos ao Senhor nosso Deus, e O sirvamos de modo que Lhe agrada, por meio de Cristo Jesus nosso Senhor. Que morramos para o mundo, e vivamos para Ti, Senhor. Faça assim, meu Deus, por amor de Cristo. Amém.
Segue um pequeno trecho, irmãos:
“[...] Estejamos crucificados para o mundo e o mundo para nós, gloriando-nos somente em Jesus Cristo crucificado. Agora isso é mais fácil de dizer do que fazer, e mesmo assim cada um de nós, onde quer que estejamos, devemos nos esforçar para fazê-lo; uma vez que ouvimos esta doutrina, devemos colocá-la em prática. Porque, se nós queremos ser estimados e considerados Cristãos diante de Deus e Seus anjos, temos que estar de acordo com o que Paulo nos diz aqui; de fato, se nós não fôssemos de disposição contrária, encontraríamos muitas oportunidades para agir assim, como eu já disse. Pois, todos aqueles que simplesmente olham para dentro de si mesmos e consideram o que eles realmente são, e em que condição eles estão enquanto ainda separados de Jesus Cristo, estarão atemorizados com a percepção da ira de Deus, que eles merecem. Eles sentirão que estão arruinados por seu estado maldito, e que seria melhor se a Terra os engolisse uma centena de vezes, ao invés de viver sob essa maldição por um único dia, como inimigos de Deus, que não podem escapar de Sua mão. Vamos, portanto, aprender a examinar a nós mesmos. Aqueles que desejam adornar-se de acordo com este mundo, especialmente as mulheres, olharão para um espelho com grande curiosidade e preocupação. Ainda assim, a nossa miséria e imundície não estarão refletidas ali, de modo verdadeiramente a nos humilhar diante de Deus, ou fazer-nos considerar em que nos gloriamos. Aquele que reconhece a sua vergonha e ignomínia, certamente, procura remediá-las, se é que o Espírito de Deus está operando dentro dele, e ele não está (como eu já disse) intoxicado por Satanás. Vamos, portanto, aprender a examinar a nós mesmos com sinceridade, sem lisonja, e quando reconhecermos nossa pobreza e miséria, venhamos ao Senhor Jesus Cristo. Uma vez que, por meio da cruz, toda arrogância, autoestima e jactância é abatida, estejamos verdadeiramente crucificados para o mundo e que ele não signifique nada para nós.”
“E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.”
Amém.
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Fonte: www.ReformedSermonArchives
Tradução: www.OEstandarteDeCristo.co
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
A TRANSFIGURAÇÃO
Leia Lucas 9.28-36
O evento descrito nestes versículos,
habitualmente chamado de “a transfiguração”, é um dos mais notáveis na
história do ministério terreno de nosso Senhor. É uma passagem que
sempre devemos ler com especial gratidão. Remove uma parte do véu que
permanece sobre as coisas referentes ao mundo por vir e esclarece
algumas das verdades mais profundas do cristianismo.
Primeiramente, esta passagem nos mostra algo da glória que Cristo terá em sua segunda vinda.
Somos informados que “a aparência do seu rosto se transfigurou e suas
vestes resplandeceram de brancura”; e os discípulos que estavam com Ele
“viram a sua glória”.
Não devemos ter dúvidas de que esta
maravilhosa visão aconteceu com o propósito de encorajar e fortalecer os
discípulos de nosso Senhor. Eles tinham acabado de ouvir a respeito da
crucificação e morte de seu Senhor, do negar a si mesmos e dos
sofrimentos aos quais teriam de sujeitar-se, se desejassem ser salvos.
Agora foram animados por meio de uma breve contemplação “da glória que
os seguiria” (1Pe 1.11) e da recompensa que todos os fiéis servos de
Cristo um dia receberiam. O Senhor lhes fizera ver o dia de sua própria
fraqueza; agora estavam contemplando, por alguns minutos, uma amostra de
sua glória futura.
Devemos nos fortalecer com o pensamento
de que para todos os verdadeiros crentes encontram-se entesouradas
coisas boas, que compensarão as aflições do tempo presente. Agora é o
tempo de tomar a cruz e compartilhar da humilhação de nosso Senhor. A
coroa, o reino e glória ainda estão por vir. No presente, Cristo e seu
povo, assim como Davi, encontram-se na caverna de Adulão, desprezados e
considerados insignificantes pelo mundo. Parece não haver beleza e
formosura nEle e em sua obra. Mas vem a hora, e será em breve, quando
Cristo exercerá seu grande poder, reinará e colocará os inimigos debaixo
de seus pés. Então, a glória que, durante alguns minutos, foi vista
apenas por três discípulos no monte da Transfiguração será contemplada
por todo o mundo e não será mais ocultada por toda a eternidade.
Em segundo, esta passagem nos mostra a segurança de todos os verdadeiros crentes que partiram deste mundo.
Quando nosso Senhor apareceu em glória, Moisés e Elias foram vistos em
pé ao seu lado, conversando com Ele. Moisés morrera havia mais de quinze
séculos. Elias fora levado ao céu em um redemoinho há mais do que
novecentos anos antes deste acontecimento. No entanto, estes dois homens
crentes foram vistos novamente, vivos e, não somente vivos, em glória.
Devemos nos consolar no bendito
pensamento de que a ressurreição e a vida futura são realidades. Tudo
não acaba quando morremos. Existe outro mundo além desta vida. Mas,
acima de tudo, devemos nos fortalecer com o pensamento de que até que o
dia amanheça e aconteça a ressurreição, o povo de Deus está seguro na
companhia de Cristo. Muitas coisas a respeito da atual condição deles
são profundamente misteriosas para nós. Em que lugar específico está a
habitação deles? O que eles sabem a respeito das coisas que acontecem na
terra? Estas são perguntas que não podemos responder. Mas para nós deve
ser o bastante saber que Jesus está cuidando deles e os trará
juntamente consigo no último dia. Aos seus discípulos Ele mostrou Elias e
Moisés, no monte da Transfiguração, e nos mostrará, em sua segunda
vinda, todos os que já morreram em Cristo. Nossos irmãos em Cristo estão
sendo bem preservados; estão salvos e apenas nos antecederam.
Em terceiro, esta passagem nos mostra que os santos do Antigo Testamento que estão na glória se interessavam intensamente na morte expiatória de Cristo.
Quando Moisés e Elias apareceram em glória ao lado de Cristo, no monte
da Transfiguração, conversaram com Ele. E qual era o assunto da
conversa? Não precisamos fazer suposições e imaginar coisas a respeito
disto. “Falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em
Jerusalém.” Conheciam o significado daquela morte. Sabiam quantas coisas
dependiam da morte de Cristo. Portanto, “falavam” a seu respeito.
É um grave erro supor que os crentes do
Antigo Testamento nada sabiam no que se refere ao sacrifício que Cristo
deveria oferecer pelos pecados dos homens. Sem dúvida, a luz que
possuíam era menos nítida do que a nossa. Viam à distância e sem clareza
coisas que vemos como se estivessem bem próximas aos nossos olhos.
Porém não existe a menor evidência de que os crentes do Antigo
Testamento olhavam para qualquer outra satisfação dos seus pecados,
exceto aquela que Deus prometera realizar, ao enviar seu Messias. Desde
Abel em diante todos os crentes do Antigo Testamento parecem ter
descansado na promessa de um sacrifício e de um sangue de onipotente
eficácia que ainda se manifestaria. Desde o começo do mundo, sempre
existiu tão-somente um fundamento de esperança e paz para os pecadores —
a morte de um poderoso Mediador entre Deus e os homens. Este fundamento
é a verdade central de todo o cristianismo. Foi o assunto a respeito do
qual Moisés e Elias estavam conversando, quando apareceram em glória.
Falavam sobre a morte de Cristo.
Observemos que a morte de Cristo é o
alicerce de toda a nossa confiança. Nada mais nos outorgará conforto na
hora da morte e no Dia do Juízo. Nossas próprias obras são imperfeitas e
defeituosas. Nossos pecados são mais numerosos do que os cabelos de
nossa cabeça (SI 40.12). A morte por nossos pecados e a ressurreição de
Cristo em favor de nossa justificação têm de ser a nossa única garantia,
se desejamos ser salvos. Feliz é aquela pessoa que aprendeu a cessar
suas obras e a se gloriar unicamente na cruz de Cristo! Se os crentes na
glória veem na morte de Cristo tanta beleza, que sentem necessidade de
conversar sobre ela, quanto mais deveriam fazê-lo os pecadores na terra.
Por último, esta passagem nos mostra a
imensa distância que existe entre Cristo e todos os outros ensinadores
que Deus outorgou à humanidade. Lucas nos conta que Pedro, “não sabendo…
o que dizia”, propôs fazerem “três tendas”: uma seria para Jesus,
outra, para Moisés, e outra, para Elias; como se os três merecessem a
mesma honra. Mas esta proposta foi imediatamente censurada de maneira
notável: “Veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele
ouvi”. Aquela era a voz de Deus, o Pai, reprovando e instruindo. Aquela
voz proclamou aos ouvidos de Pedro que, embora Moisés e Elias fossem
grandes, ali estava Alguém que era maior do que eles. Moisés e Elias
eram apenas súditos, Jesus era o Filho do Rei. Eles eram apenas pequenas
estrelas; Jesus era o Sol. Eram apenas testemunhas; Jesus era a própria
verdade.
Estas solenes palavras do Pai devem
sempre ecoar em nossos ouvidos e tornarem-se o conceito fundamental de
nosso cristianismo. Honremos os ministros do evangelho por amor ao
Senhor deles. Sigamos os seus ensinos até ao ponto em que eles seguem a
Cristo. Entretanto, nosso principal objetivo deve ser ouvir a voz de
Cristo e O seguir por onde quer que Ele vá. Outros podem ouvir a voz da
igreja e se contentarem em dizer: “Escuto este ou aquele pastor”. Jamais
nos sintamos satisfeitos, a menos que o Espírito Santo testifique em
nosso coração que ouvimos a voz do próprio Cristo e somos discípulos
dEle.
Fonte: J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas (Editora Fiel), p. 151-153.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
COMO RECONHECER UMA SEITA.
CONHEÇA AS CINCO CARACTERÍSTICAS COMUNS E MARCANTES DAS SEITAS.
Existem milhares de religiões neste mundo, e obviamente nem todas são certas. O próprio Jesus advertiu seus discípulos de que viriam falsos profetas usando Seu nome, e ensinando mentiras, para desviar as pessoas da verdade (Mateus 24.24). O apóstolo Paulo também falou que existem pessoas de consciência cauterizada, que falam mentiras, e que são inspirados por espíritos enganadores (1ª Timóteo 4.1-2).Nós chamamos de seitas a essas religiões. Não estamos dizendo que todos os que pertencem a uma seita são desonestos ou mal intencionados. Existem muitas pessoas sinceras que caíram vítimas de falsos profetas. Para evitar que isto ocorra conosco, devemos ser capazes de distinguir os sinais característicos das seitas. Embora elas sejam muitas, possuem pelo menos cinco marcas em comum:
1. Elas têm outra fonte de autoridade além da Bíblia. Enquanto que os cristãos admitem apenas a Bíblia como fonte de conhecimento verdadeiro de Deus, as seitas adotam outras fontes. Algumas forjaram seus próprios livros; outras aceitam revelações diretas da parte de Deus; outras aceitam a palavra de seus líderes como tendo autoridade divina. Outras falam ainda de novas revelações dadas por anjos, ou pelo próprio Jesus. E mesmo que ainda citem a Bíblia, ela tem autoridade inferior a estas revelações.
2. Elas acabam por diminuir a pessoa de Cristo. Embora muitas seitas falem bem de Jesus Cristo, não o consideram como sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nem como sendo o único Salvador da humanidade. Reduzem-no a um homem bom, a um homem divinizado, a um espírito aperfeiçoado através de muitas encarnações, ou á mais uma manifestação diferente de Deus, igual a outros líderes religiosos como Buda ou Maomé. Frequentemente, as seitas colocam outras pessoas no lugar de Cristo, a quem adoram e em quem confiam.
3. As seitas ensinam a salvação pelas obras. Essa é uma característica universal de todas as seitas. Por acreditarem que o homem é intrinsecamente bom, pregam que ele pode acumular méritos e vir a merecer o perdão de Deus, através de suas boas obras praticadas neste mundo. Embora as seitas sejam muito diferentes em sua aparência externa, são iguais neste ponto. Algumas falam em fé, mas sempre entendem a fé como sendo um ato humano meritório. E nisto diferem radicalmente do ensino bíblico da salvação pela graça mediante a fé.
4. As seitas são exclusivistas quanto à salvação. Pregam que somente os membros do seu grupo religioso poderão se salvar. Enquanto que os cristãos reconhecem que a salvação é dada a qualquer um que se arrependa dos seus pecados e creia em Jesus Cristo como Salvador (não importa a denominação religiosa), as seitas ensinam que não há salvação fora de sua comunidade.
5. As seitas se consideram o grupo fiel dos últimos tempos. Elas ensinam que receberam algum tipo de ensino secreto que Deus havia guardado para os seus fiéis, perto do fim do mundo. É interessante que ao nos aproximarmos do fim do milênio, cresce o número de seitas afirmando ser o grupo fiel que Deus reservou para os últimos dias da humanidade.
Podemos e devemos ajudar as pessoas que caíram vítimas de alguma seita. Na carta de Tiago está escrito que devemos procurar ganhar aqueles que se desviaram da verdade (Tiago 5.19-20). Para isto, entretanto, é preciso que nós mesmos conheçamos profundamente nossa Bíblia bem como as doutrinas centrais do Cristianismo. Mais que isto, devemos ter uma vida de oração, em comunhão com Cristo, para recebermos d'Ele poder e amor e sabedoria.
(João 8.32) “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Revelação Geral Imediata e Mediata
Revelação Geral Imediata e Mediata
Sl 19.1-4; At 14.8-18; At 17.16-34; Rm 1.18-23; Rm 2.14,15
Quando eu era menino e minha mãe queria que fizesse algo para ela sem demora, acentuava a ordem usando o adverbio imediatamente. Ela dizia: "Filho, vá para o seu quarto imediatamente."
Minha mãe usava a palavra imediatamente para referir-se a um evento no tempo que devia ocorrer sem qualquer bloco de tempo intermediário. Na teologia, o termo imediato significa algo mais. Significa que algo acontece sem passar por nenhum agente, objeto ou meio intermediários. É uma ação que ocorre sem a participação de intermediários.
Na teologia bíblica podemos distinguir dois tipos de revelação geral – aquela que é comunicada diretamente. Quando falamos de revelação geral imediata, nos referimos à revelação transmitida por meio de alguma coisa. Quando os céus revelam a Deus, tornam-se os mediadores, ou o meio pelo qual Deus manifesta sua glória. Neste sentido, todo o universo é um meio de revelação divina. A criação dá testemunho do seu Criador.
A Bíblia diz que toda a terra está repleta da glória de Deus. Lamentavelmente, com frequência nós ignoramos essa glória que nos cerca. Temos a tendência de viver de maneira superficial. Estamos desatentos diante da maravilha que Deus nos proporciona em sua gloriosa criação. Estamos desligados e fora de contato. As ideias religiosas são inúteis se não expressam algo real.
A presença sublime de Deus está em toda a nossa volta. Ainda assim, muitas vezes estamos cegos e surdos para ela. Não compreendemos sua linguagem. Exige mais do que simplesmente parar para cheirar as flores. A flor contém mais do que um aroma suave ou um perfume agradável. Ela transpira a glória do seu Criador. Todos nós estamos em contato com a revelação divina, quando reconhecemos a glória de Deus na natureza e é revelada nela e por meio dela. Além de revelar sua glória indiretamente por meio da criação, Deus também se revela diretamente à mente humana. Essa é chamada revelação geral imediata.
O apóstolo Paulo fala da Lei de Deus escrita em nosso coração (Rm.2.12-16). João Calvino falou sobre um senso do divino, o qual Deus implanta na mente de cada pessoa. Ele disse: Nós, inquestionavelmente, afirmamos que os homens têm em si mesmos certo senso da divindade; e isto, por um instinto natural. ... Deus mesmo dotou todos os homens com certo conhecimento de sua divindade, cuja memória ele constantemente renova e ocasionalmente amplia. (Institutas, II, 1,43).
Todas as culturas atestam a presença de alguma atividade religiosa, confirmando a incurável natureza religiosa da humanidade. Os seres humanos são religiosos no seu âmago. O caráter de tal religiosidade pode ser grosseiramente idólatra; mas até mesmo a idolatria, ou melhor, principalmente a idolatria, dá uma evidência desse conhecimento inato que pode ser distorcido, mas jamais destruído.
Lá bem no fundo da nossa alma nós sabemos que Deus existe e que nos deu suas Leis. Procuramos sufocar esse conhecimento a fim de escapar dos seus mandamentos. Por mais que nos esforcemos, porém, não podemos calar essa voz interior. Ela pode ser abafada, mas jamais ser destruída.
Autor: R. C. Sproul
Fonte: 1º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R. C. Sproul.
Editora Cultura Cristã.
Revelação geral:
Revelação geral:
"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos ." Salmo 19.1
O mundo de Deus não é um véu que esconde o poder e a majestade do Criador, pois "os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" Salmo 19.1
A ordem natural prova que existe um Criador poderoso e cheio de majestade. Paulo diz a mesma coisa em Romanos 1.19-21 e em Atos 17.28 cita Arato, um poeta grego, como testemunha de que todo ser vivo foi criado pelo mesmo Deus. Paulo afirma também que a generosidade do Criador é evidente nas suas bondosas providências ( Atos 14.17; cf Romanos 2.4) e que pelo menos algumas das exigências de sua lei estão patentes em cada consciência humana(Romanos 2.14-15), acompanhadas da desconfortável certeza do julgamento final (Romanos 1.32). Essas certezas evidentes são o conteúdo da revelação geral.
A revelação geral é assim chamada porque chega a cada um de nós simplesmente por vivermos no mundo de Deus. Deus tem se revelado desse modo desde o começo da história humana. Ele ativamente revela esses aspectos de si mesmo a todos, de modo que deixar de agradecer e servir ao Criador é sempre pecado contra o conhecimento. No final, nenhuma negação de termos recebido esse conhecimento será admitida.
Paulo usa a revelação universal do poder e da bondade de Deus como base para a sua acusação contra toda a raça humana como pecadora e culpada diante de Deus, por causa do nosso fracasso em servi-lo como devemos.(Romanas 1.18-3.19).
A revelação geral Deus acrescentou posteriormente a revelação de si mesmo como o Salvador de pecadores através de Jesus Cristo. Essa revelação, realizada na história e registrada nas Escrituras, é chamada de "revelação especial". Ela inclui afirmações verbais explícitas de tudo o que a revelação geral nos comunica a respeito de Deus.
Fonte : Bíblia de Estudo de Genebra, Nota teológica.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Biografia de Agostinho de Hipona
Agostinho de Hipona
Possivelmente você pode estar pensando o seguinte: Agostinho não era um “santo católico”?
Nos vamos estudar a vida de santos agora? Não. Fique tranqüilo. Porém, há que se perceber que, antes de Lutero afixar as 95 teses contra a venda de indulgências, muita gente morreu por não aceitar os erros da Igreja Católica Apostólica Romana.
Agostinho não morreu martirizado, porém, desenvolveu a Doutrina da Graça de modo tão Bíblico que Calvino o abraçou.
Sendo assim, vamos estudar a vida deste servo de Deus e, como os reformadores fizeram, aproveitar de seus ensinos o que tem respaldo bíblico.
A origem
Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354, em Tagasta, na África (hoje Argélia) e faleceu em 28 de agosto de 430 em Hipona. Foi um dos maiores pensadores da Igreja. Era filho de Patrício, homem de recursos, pagão, mundano, mas que se converteu nos últimos anos de sua vida e de Mônica, cristã que sempre manteve esperanças em relação ao filho, embora Agostinho tenha vivido sensual e desregradamente até os 32 anos, quando ocorreu sua conversão. Fez os estudos secundários em Madauro e estudou retórica em Cartago. Agostinho foi um aluno brilhante e capaz em Literatura, línguas e retórica (a arte do bem falar). Aos 17 anos ingressou na fase da imoralidade, teve uma amante, e com ela um filho chamado Deodato. Foi muito imoral e mulherengo. Nesta época, ao orar dizia: “Senhor dá- me continência e castidade, mas não hoje”.
A busca pelo conhecimento
A leitura do Hortensius, de Cícero, o despertou para a filosofia. Por esta época aderiu ao Maniqueísmo, do qual falaremos adiante. Em 383, desiludido com o Maniqueísmo, aproximou-se temporariamente do Ceticismo. Depois de ter ensinado retórica em Cartago e Roma, em 384 foi nomeado professor em Milão, onde, entrou em contato com Ambrósio, bispo desta cidade.
A conversão
Conta-se que, certo dia, no final do verão de 386, num jardim, numa casa de campo em Milão, na Itália, se encontrava Agostinho assentado num barco. Ao seu lado estava um exemplar das epístolas de Paulo. Mas, ele parecia não estar interessado, pois experimentava uma intensa luta espiritual, uma violenta agitação de coração e mente. Levantando-se do banco, foi para baixo de uma figueira. Ali ouviu a voz de uma criança que dizia “toma e lê, toma e lê”. Quando voltou ao banco e abriu a Bíblia, encontrou a passagem de Rm 13.14,15 . Leu e se converteu ao Cristianismo.
Em 387 foi batizado por Ambrósio e , na volta para Tagasta, perdeu sua mãe, Mônica. Este fato lhe causou grande tristeza.
Renunciou, então, a todos os prazeres, depois de grande luta interior, e retirou-se para Cassiaciacum, perto de Milão, para meditar.
Atraído pelo ideal de recolhimento e ascese, resolveu fundar um Mosteiro em Tagasta. De sua cidade natal dirigiu-se para Hipona, no inicio de 391, onde foi ordenado sacerdote, e quatro anos mais tarde, bispo-coadjutor, passando a titular com a morte do bispo diocesano Valério.
Mesmo assim, não abriu mão do ideal de vida monástica, fundado nas dependências de sua catedral uma comunidade que foi modelo para muitas outras e um centro de irradiação religiosa.
O mundo em que viveu
Agostinho viveu num momento crucial da história- a decadência do Império Romano e o fim da Antiguidade Clássica. A poderosa estrutura que, durantes séculos, dominou o mundo, desabou pela desintegração do proletariado interno e pelo ataque externo das tribos bárbaras.
Em 410 foi testemunha da tomada de Roma pelos visigodos de Alarico. E, ao morrer, em 430, presenciou o sitio de Hipona por Gensérico, rei dos vândalos, e a destruição do poderio romano na África do norte. Foi nesse mundo convulsionado por lutas internas que Agostinho exerceu o magistério sacerdotal e escreveu sua obra, de tão decisiva importância na história do pensamento cristão.
O pensamento
Escreveu contra os maniqueus, defendeu as autoridades das escrituras, explicou sobre a criação, abordou a origem do mal, debateu sobre a questão do livre-arbítrio, quando então, se tornou um grande defensor da predestinação.
A maior de suas lutas foi contra o pelagianismo; estes negavam o pecado original e aceitavam o livre-arbítrio afirmando que o homem tem o poder de vencer o pecado. Afirmavam que o homem podia pecar ou não pecar, logo, tinha vontade livre. Agostinho por sua própria experiência, percebeu o erro disso.
As obras
Além dos inúmeros sermões e cartas, das volumosas interpretações da Bíblia, além de obras didáticas, de catequese e de polemicas contra várias heresias de seu tempo (maniqueísmo, donatismo, pelagianismo), deve-se mencionar, entre as mais importantes de Agostinho:
As confissões de Agostinho (400), uma autobiografia espiritual em que faz ato de penitência e celebra a glória de Deus; relata nela sua piedade; “Tu nos fizeste para ti e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”.
De Trinitate (400-416), um tratado filosófico e teológico;
Civitas Dei ou cidade de Deus (413-426), uma justificação de fé cristã e teologia histórica, da qual é considerado o fundador. É uma síntese do pensamento filosófico – teológico e político de Agostinho. É considerada pelos críticos como uma filosofia racional da história.
Escreveu-a quando os bárbaros invadiam e Europa e Roma estava sitiada pelos infiéis.
Posições de Agostinho
Agostinho defendeu a imutabilidade de Deus, o princípio da livre criação, isto é, Deus não criou nada por imposição. Sustentou também, ao contrario dos que criam os maniqueístas, que o diabo não era igual em força de Deus. Deus é o único criador, e superior a qualquer força contraria.
Agostinho combateu com grande capacidade as heresias de seu tempo e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”, pois, como ninguém, soube compreender os seus efeitos. Na sua grande obra “cidade de Deus”, que gastou 13 anos para escrever, afirma: “Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
Isto resume a sua obra.Como disse alguém, “seu símbolo é um coração”. Em chamas e o olhar voltado para as alturas”.
Agostinho foi um pregador incansável (400 sermões autênticos).Grande estudioso e teólogo, seu pensamento estava centrado em dois pontos essenciais: Deus e destino do homem.
Conclusão
Agostinho foi exemplo de alguém que saiu de uma vida confusa e desregrada, para uma vida de total consagração a Deus. O texto de Romanos 13.13,14, transformou sua vida cheia de pecados e se revestiu de Cristo, na alimentando a carne. Que essa consagração sirva de exemplo para nós.
Autor: Sérgio Paulo de Lima,
Fonte: Revista Palavra Viva - Boas-Novas de Alegria, Editora Cultura Cristã.
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